A temática do Projeto de Vida impacta na forma do sujeito projetar-se ao futuro, principalmente quando se trata de questões vivenciadas pelos jovens no contexto atual, apontando fatores dificultadores na construção de um futuro marcado por mudanças, imprevisibilidades e incertezas. A concepção de futuro como uma dimensão autônoma é algo recente e associado aos ideais do capitalismo.
O futuro é incerto com a perda da relação entre propósito e finalidade, instalando-se uma crise existencial com sensação de desorientação. São tantas incertezas, tantas possibilidades, e o que escolher? O jovem vive nessa ideia dual de “não sou obrigado a ser tudo” ou “tenho que dar conta de tudo”. A vida contemporânea cobra angústias sobre o que eu posso, o que eu quero e o que eu tenho condições.
Então, para que serve um projeto de vida, se tudo muda o tempo todo? Se o futuro é incerto? Por que a ideia de um projeto que “só” se realiza depois, precisando adiar o prazer?
O projeto de vida enquanto componente curricular contribui para essas reflexões e torna-se fundamental para orientar os jovens estudantes diante de suas agonias do futuro. Mas não pode ser compreendido apenas como mais uma disciplina, nem ser reduzido à Orientação Profissional, pois não pode ter a responsabilidade de ser sinônimo de sucesso. Não se trata de um plano de negócios para mim mesmo, ou até sobre “virar alguém na vida” pelo fato de que não se opta pela vida ou pelo trabalho.
O projeto de vida é a ética na construção coletiva, fundamentando nossas escolhas e nos responsabilizando por elas. O futuro carregado de incertezas é feito de confiança que se constrói na experiência de vida. É sobre direção e não somente sobre o destino. E se tivermos que desviar da reta, “tá” tudo bem! Às vezes é necessário para alinhar o percurso.
Por: Lidiane Maria Mahler, Orientadora Educacional