Inicialmente, vamos elucidar o que significa o “desemparedamento da infância”, que ainda é um termo pouco conhecido, por vezes, soando um tanto incomum, mas com vasto significado e inúmeras possibilidades de vivências e aprendizagens no âmbito educacional.
A infância é o período em que se desenvolve a criatividade, a imaginação, constitui-se a base do futuro adulto autônomo, criativo, investigativo, pensante, sensível, solidário, entre tantas outras potencialidades desenvolvidas através do brincar significativo. Entretanto, para pensar um ambiente escolar que é alicerçado na perspectiva do desemparedamento, necessita-se desmistificar a ideia de que elementos naturais (folhas, galhos, terra, areia, água, pedras, pinhas etc.) e desestruturados (materiais descartáveis como potes, tampas, caixas, etc.) são sujeiras ou lixo, pois constituem-se como elementos de liberdade da criatividade, da autonomia, da solidariedade e estimulam uma proximidade da natureza – ressaltando que esses momentos, espaços de contato com a natureza e o manuseio desses materiais diferenciados, são possibilitados desde a Educação Infantil da SETREM.
Hoje, pode-se afirmar que há uma perda de natureza na infância, em que as crianças passam mais tempo em frente às telas, dentro de suas casas e com menos interações e situações que lhe possibilitam o pensar criativo, imaginativo. Com isso, existem diversos estudos que evidenciam o Transtorno do Déficit de Natureza (TDN), que, em sua essência, vislumbra a retomada do vínculo humano – em especial das crianças – com a natureza.
Considerando esse contexto, a SETREM visa a utilização de espaços ao ar livre, elementos naturais para a realização das práticas pedagógicas. Mas como pode-se pensar o desemparedamento na Educação? Bem, trabalhando com materiais desestruturados, que exijam das crianças o sentir, tocar, refletir, criar, imaginar, criar hipóteses, manusear, vivenciar, resolver situações e aprender de forma significativa. São nesses momentos que as práticas pedagógicas da SETREM valorizam e estimulam o ser criança pensante e criativa no aqui e no agora em contato com a natureza.
Por: Andrieli Taís Hahn Rodrigues, Coordenadora Ens. Fundamental – 1° e 2° ano